Nos anos 1980, a segurança cibernética ainda engatinhava, e episódios como o descrito por um engenheiro de uma subsidiária brasileira de um grande banco destacavam as fragilidades da época. Ele descreveu como criminosos, por meio de técnicas semelhantes ao packet sniffing, interceptaram transações de caixas automáticos (ATMs) gravando os sinais trocados entre a máquina e o banco, que na época não usavam criptografia. Embora a solução tenha surgido com a inclusão de novos elementos às transações, como dados temporais, o episódio evidenciou os riscos associados à interceptação de dados em trânsito, uma prática que continua evoluindo até os dias atuais.
Hoje, essa técnica é conhecida como packet sniffing, um método usado para capturar e analisar pacotes de dados transmitidos por redes. Profissionais de TI utilizam ferramentas de sniffing para detectar problemas, mas hackers também podem explorá-las de forma maliciosa para acessar informações confidenciais. Este artigo explora os perigos do packet sniffing, destaca exemplos de casos reais e apresenta soluções práticas para proteger redes e dados contra essa ameaça.
O que é packet sniffing e por que ele é perigoso?
Packet sniffing refere-se à interceptação e análise de pacotes de dados que trafegam por redes. Ferramentas especializadas usadas no packet sniffing permitem que profissionais identifiquem problemas e anomalias em redes, mas também podem ser usadas para acessar dados sensíveis que não estão protegidos por criptografia.
Um exemplo recente disso é a investigação da Polícia Federal em 2022, que, por sua vez, revelou uma organização criminosa em Teresina (PI) manipulando a rede de agências do INSS para reativar benefícios suspensos. Além disso, ao utilizar dispositivos de sniffing, o grupo conseguiu acessar informações privilegiadas e, como consequência, causou prejuízos financeiros consideráveis.
Sniffing em redes sem fio
As redes sem fio representam um terreno fértil para ataques de sniffing, especialmente devido à facilidade com que dispositivos podem se conectar. Por exemplo, em 2016, durante o Mobile World Congress, em Barcelona, uma empresa de cibersegurança demonstrou a vulnerabilidade dessas redes ao criar pontos de acesso falsos com nomes atraentes como “Airport_Free_Wifi_AENA”. Em apenas quatro horas, foram capturados mais de 8 milhões de pacotes de dados, revelando informações de usuários e dispositivos.
Esse tipo de ataque evidencia como redes desprotegidas, especialmente públicas, podem expor empresas e usuários a riscos. Um hacker que tenha sucesso em um ataque de sniffing pode comprometer contas, senhas e até planejar ações mais sofisticadas, como ataques direcionados ou ransomware.
Como proteger seus dados contra packet sniffing?
1. Criptografia de dados
A criptografia é a primeira linha de defesa. Protocolos como HTTPS garantem que dados confidenciais, como senhas e informações de pagamento, estejam protegidos durante o tráfego. Além disso, o uso de VPNs (Redes Privadas Virtuais) é altamente recomendado. Uma VPN cria um “túnel” criptografado entre o usuário e o servidor, protegendo não apenas os dados em trânsito, mas também os endereços IP envolvidos na comunicação.
2. Evite redes Wi-Fi públicas
Redes públicas, sem dúvida, são ambientes de alto risco para sniffing. Por isso, evite conectar-se a pontos de acesso desconhecidos, especialmente aqueles com nomes sugestivos ou genéricos, como “Free WiFi”. Além disso, as empresas devem conscientizar seus funcionários sobre esses riscos e, consequentemente, investir em redes privadas seguras.
3. Monitoramento e manutenção de redes
Para fortalecer a segurança, as empresas devem implementar ferramentas de monitoramento contínuo e, além disso, realizar varreduras regulares em suas redes. Além disso, manter o software atualizado, segmentar redes internas e educar usuários sobre ataques de engenharia social são práticas indispensáveis. Dessa forma, é possível reduzir significativamente os riscos.
Packet sniffing é uma ameaça tangível que pode comprometer dados pessoais e corporativos, causando prejuízos financeiros e danos à reputação. No entanto, com práticas simples, como a implementação de criptografia, uso de VPNs e conscientização sobre redes públicas, é possível mitigar os riscos. Empresas, em especial, devem investir em políticas de segurança robustas para proteger suas operações contra ataques sofisticados.
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