Embora os primeiros capítulos na história da computação em nuvem tenham sido escritos ainda nos anos 1960, ou seja, 70 anos atrás, suas vantagens só se tornaram públicas e populares com o aparecimento da empresa Salesforce, em 1999: ela trouxe uma plataforma baseada em nuvem que ajuda as empresas a gerenciar as interações com clientes, e sua entrada no mercado inaugurou uma nova era no fornecimento de software. Finalmente, era possível utilizar uma aplicação complexa simplesmente por meio do acesso a um endereço na Internet, ao invés de operar um aplicativo hospedado em silos ou no data center da empresa. O software, pela primeira vez, podia ser obtido e utilizado como um serviço, cobrado em pagamentos mensais. Essa novidade – o “software as a service” (SaaS) – apontou a muitas outras empresas de tecnologia da informação um caminho que está sendo percorrido até hoje: o dos serviços em nuvem.
Três modelos resolvem um universo de problemas
Sendo acessível praticamente de qualquer lugar, a computação em nuvem rapidamente evoluiu para oferecer mais dois grandes modelos de serviços: infraestrutura como serviço (IaaS) e plataforma como serviço (PaaS).
No caso da infraestrutura como serviço, ela é o conjunto de recursos fornecidos ao usuário para proporcionar processamento, armazenamento, estrutura de rede e outros itens computacionais fundamentais. Com eles, o usuário (ou cliente da nuvem) é capaz de implantar e executar software de sua escolha, e isso inclui tanto os sistemas operacionais quanto os aplicativos. Claro que esse usuário ou cliente não gerencia nem controla a infraestrutura da nuvem que ele utiliza. Mas tem controle sobre os sistemas operacionais que decidiu utilizar, como também sobre o armazenamento e sobre os aplicativos selecionados; pode ter, ainda, algum controle sobre certos componentes de rede como, por exemplo, firewalls do seu servidor.
E finalmente, a plataforma como serviço pode ser entendida como o conjunto de recursos fornecidos ao cliente de nuvem para implantar ali aplicativos criados ou adquiridos por ele, desenvolvidos justamente com as linguagens de programação, bibliotecas de software, serviços e ferramentas de desenvolvimento oferecidas pelo provedor do serviço de nuvem. Novamente, deve-se esclarecer que o cliente não gerencia nem controla a infraestrutura da nuvem, embora tenha controle sobre os aplicativos implantados e, possivelmente, sobre as definições de configuração do ambiente de hospedagem desses aplicativos.
Todos podem se beneficiar das vantagens da nuvem
Podemos dizer que esses serviços atraíram verdadeiras multidões não só de empresas como até de pessoas físicas para a computação em nuvem – seja em nuvens públicas, aquelas que qualquer pessoa ou empresa pode contratar, ou privada, que são as nuvens particulares das empresas, como aquelas construídas e operadas pelos grandes bancos. Para se ter uma ideia da adesão aos modelos de serviço na nuvem, em 2015 um relatório da Cloud Sherpas Enterprise afirmava que a tecnologia de nuvem era uma parte fundamental da estratégia de TI para 82% das organizações em todo o mundo; já em 2023, a pesquisa da empresa Flexera revelou que 87 por cento das empresas agora já têm uma estratégia multinuvem (com nuvem pública ou privada) em uso.
Pode não parecer, mas por trás de cada esforço de adoção de nuvem há uma razão estratégica, e a chave para o sucesso no desenvolvimento e execução dessa estratégia é identificar e priorizar as razões para a adoção. Em geral, as grandes consultorias identificam seis grandes razões pelas quais se adota um dos modelos de computação em nuvem.
A primeira razão é um desejo de crescimento dos negócios: de acordo com o Infosys Cloud Radar, a adoção da nuvem pode impulsionar o crescimento dos lucros em até 11%. A segunda é a eficiência, com pesquisas indicando que mais de 70% das organizações em todo o mundo esperam melhorar sua eficiência por meio da nuvem – na prática, significa remover etapas desnecessárias para agilizar processos, aumentando a produtividade ou atendendo clientes com mais rapidez. Em terceiro lugar vem o oferecimento de melhor experiência para esses clientes: a infraestrutura em nuvem permite a análise de dados de diversas fontes usando várias ferramentas, assim como permite segmentações com base no comportamento do cliente (para oferecer experiências e interações personalizadas).
Agilidade para TI é um dos seis maiores benefícios
A quarta razão é a sensível melhora na agilidade de TI: melhorar sua agilidade ou fazer com que a TI responda melhor às necessidades dos negócios e reaja mais rapidamente às mudanças do mercado é um dos principais impulsionadores na adoção de nuvem. Em quinto lugar vêm os custos, que se manifestam em duas vertentes: uma é a redução geral das despesas de TI; outra é a reorganização dessas despesas, distribuindo-as ao longo do tempo em licenciamento de tecnologias de software as a service (SaaS). Embora as empresas considerem a redução das despesas de TI como um fator-chave para adoção de nuvem, muitas vezes ela pode ficar em segundo plano em relação a outros fatores. Finalmente, a razão que fica em sexto lugar é a garantia de funcionamento da nuvem e de que os dados estarão mais seguros nela do que em outro lugar. Embora isso possa não ser exatamente assim, não é surpresa que, em algumas pesquisas, mais de 70% das organizações digam que a TI foi a área que mais se beneficiou da adoção de tecnologias de nuvem.